Estágio obrigatório e ensino de língua materna: vivências e reflexões
Alunos de Letras compartilham experiências construídas no estágio curricular de Língua Portuguesa no ensino fundamental.
Ao longo do segundo semestre letivo de 2024, os alunos do 5º termo de Letras realizaram individualmente 100 horas de estágio curricular de Língua Portuguesa no ensino fundamental (do sexto ao nono ano). Por meio do apoio do componente curricular “Práticas do ensino da Língua Portuguesa no ensino fundamental” e da orientação de estágio promovida pela professora Gislene Aparecida da Silva Barbosa, os alunos estudaram sobre o ensino da língua materna, com ênfase em metodologias e processos de avaliação, elaboraram plano de atividade para as ações do estágio, atuaram nas escolas nas etapas de observação, participação e regência. 17 alunos concluíram com êxito as ações e entregaram relatório de estágio com apontamentos e reflexões.
Ao todo, 6 escolas acolheram os alunos de Letras. No município de Presidente Epitácio foram: Escola Estadual Professora Marina Amarante Ribeiro Vasques Sanches; Escola Estadual 18 de Junho; Escola Estadual Dona Consuelo Fernandes de Magalhães Castro, Escola Estadual Engenheiro Orlando Drumond Murgel e Escola Estadual Shiguetoshi Yoshihara. No município de Planalto do Sul, a Escola Estadual João da Cruz Mellão. Em cada uma delas, houve o estabelecimento de parceria por meio da direção escolar e houve a supervisão de estágio realizada por docente(s) com formação em Letras e atuantes em sala de aula na disciplina e no segmento alvos do estágio.
De acordo com o Projeto Pedagógico do Curso de Letras, por ser uma atividade fundamental e obrigatória na formação de professores, “o estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e a contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho, para a adoção de atitudes éticas e humanísticas necessárias ao exercício profissional”. Dessa maneira, com apoio de pares experientes, os estudantes de Letras enfrentam desafios relacionados ao ensino e à aprendizagem na educação básica, buscam soluções, apreciam práticas de sucesso nas escolas e participam delas - no auxílio ao docente titular ou nas atividades de regência das aulas e execução de projetos.
Compreender as rotinas escolares é um dos objetivos do estágio. Nesse sentido, a aluna de Letras Ágatha Oliveira Prieto França afirmou: “Durante o período de estágio, foi possível observar a estrutura organizacional da Escola Estadual 18 de Junho e os processos educacionais que norteiam as atividades da instituição educacional. A unidade se destaca pela manutenção de uma rotina bem estabelecida, com uma agenda acessível tanto a servidores quanto a alunos, proporcionando o alinhamento das atividades semanalmente, às sextas-feiras”. A aluna Maria Júlia, na Escola Estadual João da Cruz Mellão, notou a importância das ações realizadas para aproximar a escola das famílias dos alunos: “A instituição realiza reuniões pedagógicas com os pais dos alunos para promover um ambiente organizado e harmonioso tanto dentro quanto fora da sala de aula. A maioria dos responsáveis adere a essa iniciativa e participa ativamente das reuniões, fortalecendo a parceria entre a escola e a família”.
No que diz respeito à participação em aulas de língua materna, na Escola Estadual Dona Consuelo Fernandes de Magalhães Castro, a estudante de Letras Ellen Santos Oliveira apontou: “Um dos momentos mais marcantes dessa etapa foi a aplicação das atividades relacionadas ao tema "Setembro Amarelo" nas turmas do 6º e 9º anos. O tema foi introduzido por meio de vídeos explicativos, seguidos de discussão em grupo, promovendo a conscientização sobre a saúde mental. A participação ativa dos alunos evidenciou a importância de abordar temas sociais no contexto escolar, ampliando a visão dos estudantes sobre questões além do conteúdo curricular.”
Ainda sobre a participação (e em se tratando de refletir sobre o ensino da produção de texto na escola), a aluna de Letras Renata Gomes Pereira, que realizou uma entrevista com 13 alunos do 9º ano da Escola Estadual Engenheiro Orlando Drumond Murgel, destacou: “Quanto à produção de textos, 46,6% dos alunos afirmam que o momento no qual mais apresentam dificuldade é na organização das ideias para escrever”. Renata notou que o uso intenso de plataformas digitais na rede estadual atrelado ao cumprimento de metas semanais de uso de tais recursos pelos professores e alunos gera, em alguns momentos, uma falta de espaços e tempos pedagógicos para o professor intervir em necessidades reais dos alunos.
A respeito das atividades de regência, a aluna de Letras Janaina do Nascimento da Silva, que atuou na Escola Estadual Professora Marina Amarante Ribeiro Vasques Sanches, enfatizou: “A experiência de regência ajudou a entender a importância de um bom planejamento e a necessidade de avaliar constantemente as práticas de ensino, garantindo que todos os alunos tenham acesso à aprendizagem de forma justa e eficaz. O estágio, de forma geral, contribuiu para o desenvolvimento de habilidades essenciais no processo de ensino-aprendizagem, permitindo a aquisição de uma visão crítica e reflexiva sobre a prática docente. Essa visão está alinhada aos desafios e às necessidades da educação atual, que exige a adaptação contínua das estratégias de ensino para garantir uma aprendizagem de qualidade e inclusiva.”
Para a aluna Cláudia Ferreira Rodrigues, que fez o estágio na Escola Estadual Shiguetoshi Yoshihara: “A regência também revelou desafios significativos, como a necessidade de gerir a disciplina em sala de aula e de lidar com as diferentes competências e níveis de interesse dos alunos. Essas dificuldades ressaltaram a importância de desenvolver habilidades de gestão de sala e de diversificar as estratégias de ensino. Para superar esses obstáculos, foi necessário adotar práticas que estimulassem o protagonismo estudantil, como o trabalho em grupos e a realização de debates, contribuindo para o engajamento dos alunos.”
No início do mês de dezembro de 2024, quando a maioria dos alunos já tinha finalizado as atividades do estágio, foi possível realizar no campus uma roda de conversa para socializar as experiências, envolvendo a análise de materiais didáticos de língua materna para os anos finais do ensino fundamental. A ação, acordo com a professora Gislene Aparecida da Silva Barbosa, “explicitou um amadurecimento dos alunos, no que trata da compreensão da realidade escolar: desafios e potencialidades; assim como evidenciou uma articulação da teoria e da prática, por meio de falas bem construídas que evidenciam o processo ascendente de preparação para o exercício profissional.”
O estágio de Língua Portuguesa com foco no ensino médio acontecerá quando os alunos estiverem no 7º semestre do curso e realizando a disciplina articuladora “Práticas do ensino da Língua Portuguesa no ensino médio”.
Duas imagens da Roda de conversa sobre as experiências construídas para ensino de língua materna:
3 imagens dos alunos de Letras durante exposição de análise sobre materiais didáticos:
Redes Sociais