Oficina de Curricularização da Extensão no IFSP, campus de Presidente Epitácio, promove reflexão sobre literatura, malandragem e escolhas
Alunos do curso de Letras do campus de Presidente Epitácio realizaram oficina que reuniu comunidade e literatura em uma manhã de diálogo e criatividade, tendo como eixo o conto A quase morte de Zé Malandro, de Ricardo Azevedo.
Por: Josefa Ferreira
Nem o céu nublado e a promessa de chuva impediram a realização de mais uma oficina de curricularização da extensão no campus de Presidente Epitácio, na manhã de sábado, dia 18 de outubro. A atividade, conduzida pelos alunos do 3º período do curso de Letras, sob orientação dos professores Drª Aleteia Chevbotar e Roger Santos, reuniu a comunidade externa para uma manhã de letramento literário e interdisciplinaridade.
A atividade seguiu a metodologia de letramento literário proposta por Rildo Cosson, com etapas de motivação, leitura e interpretação crítica. Logo na recepção, os convidados foram surpreendidos por uma provocação criativa: “Você prefere um bilhete malandragem ou uma doce transformação?”. A escolha definia os grupos de discussão e introduzia os temas centrais da oficina. A maioria optou pelo “bilhete malandragem”, motivada pela curiosidade despertada pela expressão. Após a interação inicial, quando vários pontos de vista foram expostos, os alunos apresentaram o conto A Quase Morte de Zé Malandro, de Ricardo Azevedo, por meio de uma leitura expressiva e envolvente. Na narrativa, Zé Malandro, personagem indolente e irreverente, enfrenta a Morte e, com astúcia, consegue ludibriá-la para escapar do fim.
Após a leitura os participantes debateram as escolhas e decisões do personagem Zé Malandro, reconhecendo que sua esperteza não é apenas uma característica individual, mas um reflexo de comportamentos sociais que valorizam a inteligência prática e a criatividade diante da adversidade. A narrativa levantou questões éticas sobre os limites da astúcia e suas consequências.
Ainda que muitos considerem a malandragem característica do povo brasileiro, o tema, juntamente com o da morte, é universal. Não houve uma conclusão e as discussões poderiam se estender indefinidamente. Porém, as questões levantadas ecoarão nas mentes de todos aqueles que participaram da oficina.
Ao final, os convidados foram desafiados a reescrever o desfecho da história. As versões apresentadas surpreenderam pela originalidade e profundidade, revelando diferentes compreensões sobre os temas abordados e reforçando o papel da literatura como prática social. Como gesto de despedida, todos receberam um marcador de páginas com uma frase autoral da aluna Ana Oliveira, que sintetizou o espírito do encontro. Mesmo sob chuva, os participantes deixaram o campus sorridentes, com o coração aquecido e a mente provocada, prova de que a curricularização, quando bem conduzida, pode transformar o espaço educativo em território de diálogo, cultura e cidadania.
Alunos do 3º termo de Letras, professores e a comunidade
Alunos do 3º termo de Letras que participaram da leitura
Alunos do 3º termo de Letras
Alunos e comunidade
Bilhete malandragem
Lembrancinha da oficina, com texto de Ana Oliveira
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