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Oficina Literária: elementos da narrativa – Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) - 2025

Alunas do curso de Letras realizam oficina na E.E. Antônio de Carvalho Leitão

  • Publicado: Sexta, 17 de Outubro de 2025, 16h58
  • Última atualização em Sexta, 17 de Outubro de 2025, 16h58

No dia 16 de outubro de 2025, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), foi realizada a Oficina Literária: elementos da narrativa, com os alunos do 9º ano da Escola Estadual Prof. Antônio de Carvalho Leitão, em Presidente Epitácio – SP. A atividade foi conduzida pelas alunas do curso de Letras Ana Paula de Souza Oliveira e Josefa Marleide Duarte Ferreira, sob a supervisão da Professora Drª. Gislene Barbosa, docente do Instituto Federal de São Paulo (IFSP – Campus Presidente Epitácio) e com o apoio da Professora Heloiza Moreno, coordenadora na escola estadual.

A oficina integrou a programação da SNCT, evento que tem como objetivo promover a popularização da ciência e o diálogo entre diferentes áreas do saber, aproximando o ambiente acadêmico da comunidade escolar. Na ocasião, as alunas de Letras desenvolveram um trabalho voltado à literatura, tendo como foco os elementos da narrativa, por meio da leitura e análise do conto A Pequena Vendedora de Fósforos, de Hans Christian Andersen.

O conto, escrito em 1848, foi utilizado como ponto de partida para discussões profundas sobre a desumanização e a indiferença social, temas que continuam atuais e provocam reflexão mesmo em 2025. A história da pequena vendedora, que só é notada pela sociedade após sua morte, despertou nos estudantes sentimentos de empatia e inquietação diante das injustiças humanas, mostrando como a literatura atravessa séculos mantendo sua força de sensibilização.

Durante a atividade, os alunos foram convidados a identificar e interpretar os elementos narrativos — como tempo, espaço, enredo, personagens e narrador —, relacionando-os às mensagens simbólicas do texto. A discussão se aprofundou quando os estudantes observaram que a pequena vendedora não possuía nome, sendo citada apenas como “uma pequena vendedora de fósforos”. Essa ausência de identidade levou à reflexão de que, muitas vezes, na sociedade, pessoas em situação de vulnerabilidade passam despercebidas, tornadas invisíveis pelo olhar coletivo.

No decorrer da leitura, os alunos perceberam que a personagem aceitava com resignação as condições de sua vida, como se nada mais tivesse importância — e reconheceram nesse comportamento um espelho de nossa própria sociedade contemporânea. Apesar de vivermos em um país com direitos garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, ainda existem lugares onde muitas “pequenas vendedoras de fósforos” continuam a existir, privadas de afeto, dignidade e oportunidades.

Os alunos foram profundamente tocados por essa relação entre o texto e a realidade atual, refletindo sobre como a sociedade enxerga o outro e sobre o modo como vivemos em uma era marcada pelo individualismo. Eles destacaram que, hoje, a solidariedade muitas vezes se limita às redes sociais — expressa em curtidas, stories e reels — enquanto, na vida real, muitos preferem ignorar a dor alheia. Essa percepção mostrou o quanto a literatura é capaz de romper o silêncio e despertar consciências, mesmo diante da “verdade nua e crua” em que muitos ainda estão inseridos.

A experiência contribuiu não apenas para o aprendizado dos alunos, mas também para a formação docente das bolsistas, que vivenciaram de forma prática a mediação literária e o papel da leitura como instrumento de reflexão social.

Ao final, ficou evidente que a literatura cumpre seu papel essencial: o de humanizar. Porque, ao nos colocar diante das dores, das perdas e das esperanças do outro, ela nos faz reconhecer a nós mesmos — e lembrar que, em meio à pressa e à tecnologia, a empatia ainda é a forma mais bonita de conhecimento.

 

Oficina Literária: elementos da narrativa

 

Leitura do conto “A Pequena Vendedora de Fósforos”, de Hans Christian Andersen

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