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Grupo de Pesquisa inicia atividades no IFSP - Campus Presidente Epitácio

No dia 30 de abril de 2025, Grupo de Pesquisa Educação Para as Relações Étnico-Raciais, Decolonialidade e Contracolonialidade iniciou suas atividades no IFSP - Campus Presidente Epitácio.

  • Publicado: Quarta, 21 de Mai de 2025, 13h00
  • Última atualização em Quarta, 21 de Mai de 2025, 13h00
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    Composto por estudantes do 2º e 3º anos do Ensino Técnico Integrado em Informática e de Licenciatura em Letras, por uma servidora e por professores das disciplinas de Sociologia, Filosofia, História, Libras, Arte e Geografia, o Grupo de Pesquisa propõe uma práxis educativa que prioriza produções intelectuais a partir de cosmovisões historicamente relegadas à marginalização e à estigmatização epistemológica.

    A partir da necessidade do aprofundamento desses conhecimentos e do incentivo do estudante Wander Thailon Pinto Vitorino de Oliveira, o Professor Lincoln Menezes de França, com o apoio dos Professores  Maicon José Fortunato, Leandro Antonio Guirro, Pricila Paixão Martins Rosa, João Maria de Souza e Larissa Nayara Coelho Kimura estruturaram o Grupo de Pesquisa para refletir acerca da colonialidade, do racismo e do domínio da branquitude, que são temáticas que confluem conceitualmente naquilo que há de mais estrutural nas relações sociais no Brasil. 

    Pesquisas fundamentadas em  referenciais teóricos voltados a esses conceitos são de fundamental importância para a compreensão profunda da realidade histórica, social, simbólica, cultural, filosófica e educacional brasileira. 

    Nesse sentido, o referido Grupo de Pesquisa iniciou seus trabalhos a partir da leitura e reflexão compartilhada do texto “Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira”, de autoria de Lélia Gonzalez. O texto, ao tocar em pontos fulcrais da realidade brasileira, possibilitou aos membros do Grupo de Pesquisa um aprofundamento em relação a temas que geralmente são ocultados por aquilo que Sueli Carneiro definiu como epistemicídio, causado pelo racismo estrutural.

    Durante o estudo compartilhado no Grupo de Pesquisa, a Professora Pricila Rosa explicitou a dor que sentia ao ler o texto, que ela, por ser uma mulher negra, não estava lidando com o texto como uma simples leitora, mas que o texto tratava muito de sua história e de seu sofrimento.

    Esse relato da Professora Pricila Rosa demonstra a importância da reflexão desenvolvida no Grupo de Pesquisa, pois os estudos realizados se debruçam sobre temas delicados, mas, ao mesmo tempo, fundantes da sociedade brasileira.

    Ao comentar a epígrafe do texto de Gonzalez, a Professora Pricila Rosa explica como os brancos detém espaços de poder na sociedade brasileira e como isso impede que os negros os ocupem. A partir disso, o Professor Lincoln França faz menção a Sueli Carneiro, que ao fundamentar-se em Foucault, mostra a relação intrínseca entre poder e saber, sendo que a apígrafe do texto de Lelia Gonzalez expõe um microcosmo daquilo que se observa na sociedade brasileira como um todo: os brancos de posse do saber e do poder sobre os negros, os brancos com a legitimidade do saber acadêmico acerca dos negros e estes sem espaço e legitimidade social para falar sobre si mesmos, daí a importância do conceito de lugar de fala, que Djamila Ribeiro explica em sua obra “O que é: lugar de fala?”.

    A partir dessas reflexões, o estudante Wander comenta a condição da mulher negra na estratificação social brasileira em que o homem branco ocupa o topo da pirâmide social, seguido pela mulher branca, depois pelo homem negro e, por fim, a mulher negra. O Professor Lincoln França ratificou a afirmação do estudante, mostrando os dados estatísticos de renda no Brasil. 

    Ao abordar a temática da democracia racial, tratada no texto de Gonzalez, o Professor Leandro Guirro explicou a historicidade do conceito em sua origem, fazendo menção a Gilberto Freyre e também mostrou como essa ideia foi compreendida como mito, a partir de Florestan Fernandes.

    Para ilustrar a ideia de democracia racial abordada por Gilberto Freyre, fez-se a leitura de um excerto da obra “Casa Grande & Senzala”. A partir dessa leitura Laise Perin fez uma reflexão sobre a identidade e a questão racial, comentando como muitas vezes, por conta da miscigenação, pessoas que têm ascendentes negros não se reconhecem nessa identidade. O Prof. Maicon comentou sobre como a miscigenação era vista de forma negativa pelo discurso científico do final do século XIX e início do século XX.

    Nas reflexões desenvolvidas pelo Grupo, nota-se a importância da construção da ideia de uma democracia racial como um aspecto central para o mascaramento do racismo que se estrutura no Brasil.

    Nesse sentido, fez-se menção à pesquisa em desenvolvimento da estudante Laryssa Ryback Gois (membro do Grupo de Pesquisa), que analisa como os conteúdos vinculados à Educação Para as Relações Étnico-Raciais têm sido abordados nas provas de Enem e vestibulares.

    A partir da leitura do texto de Lélia Gonzalez, a estudante Claryssa Pesqueira faz uma reflexão sobre a condição da mulher negra na sociedade brasileira, apontando aspectos que a inferiorizam socialmente. E, ao abordar o papel da chamada “mãe preta” no que diz respeito à importância da mulher negra para a educação informal das crianças, a Professora Larissa Kimura fez menção à pesquisadora e artista plástica Rosana Paulino, que em suas obras, mostra a condição das amas de leite.

Diante disso, a estudante Claryssa Pesqueira afirmou a importância deste Grupo de Pesquisa, pois é nele que ela encontra condições para reflexões tão necessárias.

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